sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Cap.6 - A Jovem Aleska

Naquela mesma noite outras revelações viriam. Todos os habitantes do vale estavam reunidos no Jardim das Convenções. Era uma noite especial podia-se perceber. O jardim exalava um perfume embriagante, a música alegrava os ouvidos e aquecia o coração. A magia estava explícita e o lugar parecia ainda mais belo.
Danshuane acompanhada de Lylli sente falta de Aleska e pergunta por ela.
- Minha irmã está se preparando – fala sorridente.
- Se preparando? Para que?
- É aniversário dela hoje.
- Oh! E por que não me disse antes, eu poderia preparar algo para ela.
- Ora não se incomode com isso, minha irmã não vai se importar. Venha, quero lhe mostrar algo – e sai levando a amiga.
A certa altura da festa, a música para, todos se voltam para a mesma direção. É Aleska chegando, tão bela que quase se acredita ser uma visão. Ela caminha cerimoniosamente em direção aos pais que a aguardam tranquilamente. Aproxima-se recebendo inúmeros cumprimentos, a mãe a presenteia com uma pequena caixa. Ao abrir ela vê lá dentro um bracelete. Tem o formato estranho, duas lâminas sobressaindo-se da parte superior. A mãe explica que não se trata apenas de um bracelete, mas que é uma arma e chega a ser mortal se bem utilizada, pois as lâminas são afiadíssimas e possuem um veneno poderoso. Aleska não entende o porquê de a mãe lhe presentear com uma arma daquelas pois vivem em completa paz no vale. Ao questionar a mãe lhe responde:
- Acalme-se, seu pai lhe fará entender muito em breve.
Sem mais perguntas a festa transcorre alegremente como é de costume no vale. Aleska recebe presentes e cumprimentos de seus amigos e embora esteja feliz em seu íntimo sabe que há algo de muito errado acontecendo.
A certa altura se retira da festa sem que percebam e caminha em direção a gruta. Para em frente ao poço e faz uma invocação. Espera que aquelas águas lhe possam revelar algo.
Senta-se e observa as imagens que vão se formando aos poucos, nem percebe a aproximação de alguém.
Pode ver um castelo negro, muitos vampiros reunidos, parecem tramar algo. Em dado momento vislumbra as três luas de TrevLuzian num céu escarlate. As imagens vão mudando aos poucos, ela vê uma prisão, vampiros estão sendo castigados...- Oh! Como sofrem! – mais uma vez as imagens mudam, dessa vez ela vê uma torre, algo lhe chama a atenção, há alguém na janela... – como é belo – “Aleska sente o coração bater mais forte ante aquela imagem” – e tão triste, é quase palpável a dor expressa naquele rosto...
- É meu irmão – Danshuane se aproxima correndo, com lágrimas nos olhos.
A magia da revelação se desfaz devido a aparição súbita da vampira.
- Oh Aleska – Abraça a amiga, chorando e assim permanecem por algum tempo, sentadas.
- Será que o verei novamente?
- É claro que sim. Não deves duvidar disso.
- És tão confiante.
- Aleska sorri – Meu pai me ensinou a ser assim – desde criança o sou.
- Me fale sobre isso.
- Vou te mostrar, espere – levanta-se e faz de novo uma magia em frente ao poço: - Eu invoco o passado...
“Lá está o Vale. Uma criança correndo, brincando com alguém, logo se vê que é Aleska e seu pai. Ele está ensinando a ela as artes da magia, ao que a garotinha corresponde atentamente. Desde cedo convivendo com seres tão estranhos a si mesma, foi adquirindo um pouco do conhecimento de cada um. Gostava de cavalgar com os guerreiros. Foi possível observar o ar de espanto de Aleska ao vislumbrar pela primeira vez aquele animal. Era tão pequena ainda... cavalgava quase todas as manhãs. Aprendia com os anjos acerca de deus e dos céus. E o tempo foi passando no vale e a pequena bruxa crescendo e desenvolvendo seus poderes. Sempre atenta a tudo a sua volta. Havia sempre novidades no vale, sempre alguém chegando para encanto da jovenzinha que se dedicava cada vez mais em aprender. Curiosa, se metia sempre em todos os cantos, assim acabou por aprender música com os duendes e ciganos, a manusear arco e flecha com os belos elfos, a arte da fundição com os guerreiros anões, aprendeu até mágica com os gnomos e as vezes praticava para diversão dos mais novos e para ver o belo sorriso nos lábios de Lylli, sua querida irmã. Embora as vezes achasse desnecessário, aprendeu a combater com os guerreiros, manuseando pesadas espadas que achava tão lindas. Já mais velha, aprendeu a fazer vinho com Calypsa. Pôde aprender com as fadas a nunca entrar em demandas e discussões, embora não conseguisse evitar que isso acontecesse. Passou então pela primeira perda de alguém querido, A morte de Kilowwe o primeiro lobisomem a entrar no vale. Era tão querido quanto é hoje seu descendente Kron. E depois de Kilowee vieram outras, isso foi tornando Aleska quem ela é hoje, digna e controlada. Firme em suas atitudes, muito embora não pareça às vezes. Observando os lobisomens, descobriu abrigar dentro de si a brutalidade, que de um modo ou de outro vive dentro de cada um. Certa vez, conheceu demônios e com estes pôde presenciar a ambição, a mentira e como é possível semear a discórdia.
Muitas vezes recorria ao pai para entender tantas informações contraditórias e por fim percebia que todo aprendizado é bom, e poderia vir a ser útil um dia.
Certa vez uma ninfa foi lhe mostrar sobre a sedução. Nesta época a jovem começou a se descobrir como mulher, percebia os olhares sobre si onde passava, achava interessante mas jamais pensou em se deixar levar e se envolver, pois seu coração lhe dizia que alguém em algum lugar procurava por ela e lhe ofereceria o amor que desejava ter.
Seu pai sempre lhe dizia que era alguém muito especial e que o futuro lhe reservava grandes surpresas”.
A magia se desfaz, ambas permanecem um bom tempo em silêncio, cada qual envolvida em seus pensamentos, até que Aleska convida Danshuane a acompanhá-la para casa. Vão em silêncio.

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