sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Cap.2 - O Vale dos Renegados

A medida que caminhavam em direção ao vale, a vampira ia ficando apreensiva.
- Não se preocupe Danshuane, ninguém lhe fará mal algum em nossa casa.
- Minha irmã tem razão – replica Lylli – não deve ficar apreensiva, somos uma grande família no Vale e logo vai perceber isto.
- Está certo, ficarei bem... mesmo
porque não devo me importar não é mesmo? Meu amado está preso e sabe-se lá a que horrores estará sendo submetido. E meu irmão? Nem sei o que pode estar acontecendo...
- Não deve se preocupar mais, nosso pai haverá de fazer uma magia que possa ajudá-la, não é mesmo Aleska?
- Creio que sim Lylli.
Poucos minutos de caminhada e as jovens irmãs param, deixando Danshuane curiosa, sem entender o motivo da parada brusca.
- Chegamos – diz uma das irmãs
- M-Mas como? Não tem nada aqui – a vampira demonstra sua confusão.
As irmãs riem ante a dúvida da pequena. Aleska se afasta um passo e profere algumas palavras que a vampira não entende, para sua surpresa, abre-se um portal bem a sua frente.
- Milady, tenha a bondade – Lylli aponta a entrada em tom cavalheiresco.
Todas riem e entram.
Danshuane pôde sentir a infinita harmonia que imperava naquele ambiente habitado por seres tão diferentes, como logo viu quando entrou. Ao passo que caminhavam ia se sentindo invadida por um sentimento de esperança grandioso. Era impressionante a magia emanada pelo lugar. De repente ela para. Um calafrio percorre seu corpo, que estremece colocando todos os sentidos em alerta ante aquela visão. As irmãs a olharam meio confusas, enquanto criatura aterradora se aproximava.
A jovem vampira recua um passo, totalmente pronta para atacar ao menor sinal de ameaça, então para sua surpresa ouve um gentil cumprimento:
- Sejam bem vindas Miladys.
Para perplexidade da bela visitante, as irmãs se dirigirem àquela figura horripilante e a abraçam com carinho, ao que são calorosamente afagadas.
- Kron, sabes de meu pai?
- Sim Aleska, sei sim...
- Precisamos vê-lo agora.
A criatura, já não tão horrenda aos olhos da vampira se dirige a Lylli..
- Por que a aflição pequena? Tem algo haver com sua nova amiga? – e olha a forasteira sem a menor indicação de rancor.
- Oh sim, tem sim...tudo – diz isso sorrindo.
- Kron, esta é Danshuane, é uma vampira, vai ficar conosco por um tempo.
- Prazer senhorita, seja bem vinda.
A jovem se encontra perdida e sem desfazer-se de sua perplexidade se vê devolvendo o cumprimento àquele ser grotesco que após o seu rei é considerado seu pior inimigo.
Kron percebendo o mal estar da vampira procura acalmá-la.
- Fique tranqüila senhorita, aqui no vale não existem inimigos, nossas raças não estão divididas como lá fora. Aqui somos todos do mesmo clã, mas creio que Aleska e Lylli já lhe disseram isso, não?
- S-Sim, já me disseram.
Enfim Danshuane se vê esboçando um quê de sorriso para aquele ser que lhe demonstrou cordialidade e se não tivesse ficando louca, até mesmo algum carinho.
- Mas diga-me Kron, onde está meu pai? – Torna Aleska.
- Oh sim, quase me esqueci disso. Ele está na gruta.
- Obrigada meu amigo – se despedem e partem em busca de Thoderyn. Danshuane não deixa de observar as belezas daquele vale, a mistura de seres ali era incrível. Ela podia vislumbrar os pequenos brincando e como podiam se entender tão bem? Fadas e gnomos brincando com pequenos demônios alados... estaria sonhando? Não, não estava, assim era o Vale dos Renegados.
Após alguns minutos de caminhada, chegaram a um pequeno jardim, lindo, com tantas variedades de flores que jamais as vira tão belas.
- Venha – Aleska indica o caminho enquanto sua irmã rodopia feliz por aquele jardim encantador – é por aqui...
Danshuane se vê descendo alguns degraus feitos com pedras em cores magníficas, tantas tonalidades. Aleska percebe o encantamento da menina e sorri.
- São pedras de Mahatti. As fadas as trouxeram e meu pai as colocou aqui.
- Oh! São lindas.
- Papai... – Lylli vem correndo ao encontro do pai que a espera de braços abertos – papai trouxemos uma amiga – e ri toda feliz.
- Sim minha pequena lady, eu sei – soltando um sorriso amistoso – eu já as aguardava.
Aleska cumprimento seu velho pai com um beijo na face e recita algumas palavras estranhas.
- Papai, quero lhe apresentar Danshuane – afasta-se um pouco.
- Aproxime-se senhorita – olhando profundamente para a jovem que se aproxima timidamente – o que trás tão bela jovem à nossa pequena vila? – pergunta-lhe enquanto lhe estende ambas as mãos para um cumprimento caloroso.
A jovem retribui o cumprimento enquanto Lylli se precipita a falar de como Danshuane foi encontrada e...
- Não seja tão afoita minha criança – o pai lhe chama a atenção – permita que sua amiga me conte o ocorrido.
- Ah papai!
- Bem eu... não sei por onde começar, aconteceram tantas coisas.
- Sentemo-nos então, venham – o velho mago indica um caminho entre as flores, até umas pedras colocadas em círculo embaixo da sombra magnífica de uma frondosa árvore.
- Sentem-se minhas crianças, sentem-se.
Todos se acomodam e voltam seus olhares pra a vampira que enfim repete toda a estória que já havia contado às irmãs ao pai delas, que a ouve atentamente.
- Oh entendo jovenzinha, é grande sua dor, mas encontraremos um remédio para isso. Ficará em nossa casa até encontrarmos um meio de livrar seu amado e todo o seu povo.
A jovem se sente aliviada e confiante e passam o resto do tempo conversando alegremente, abrindo espaço para questionamentos básicos. Lylli, curiosa, a certa altura pergunta:
- Estou intrigada com uma coisa – vira-se para a vampira – Você é uma vampira certo?
- Certo.
- Hummmm... e por que não se queimou a luz de solaris? Você já deveria ter virado areia, não é verdade?
A vampira ri gostosamente ao que as irmãs também. Lylli levanta uma sobrancelha em sinal de indagação.
- Na verdade sim. Vampiros são sensíveis aos raios ultra violetas emitidos por solaris.
- Mas então...? Não entendo.
Aleska também fica curiosa, aguardando uma resposta.
- Bem eu e meu irmão e alguns outros da nossa raça fomos presenteados pelo rei das trevas como a imunidade. Vivíamos todos no lado negro do reino, até que uma certa noite, cansados de vagarem só quando era dia, o rei e sua rainha, reuniu-se com alguns dos seus, entre esses nós seus filhos e alguns amigos. Era uma noite linda em TrevLuzian, as luas brilhavam intensamente, iluminando o jardim, nosso castelo jazia repleto dos seres noturnos, então nossas majestades se cortaram e deram de beber aos seus. Beber daquele líquido precioso, inegavelmente era desfrutar da maior emoção que poderíamos experimentar. Foi sem dúvida especial, vislumbrar as luas, minha família e meu adorado Andrês – “Ah Andrês... um breve suspiro – Nosso rei nos recomendou certo cuidado ao amanhecer, pois estaríamos frágeis ainda. Então nos preparamos para receber solaris. Foi quando sofremos o cruel ataque que tornou escrava toda nossa raça. Aquele demônio maldito matou meus pais, aproveitou que estavam fracos ainda por nos ter dado de beber seu sangue, e ele sabia que não poderiam se defender. Maldito!
Ela parou um instante com semblante amargurado.
- Bem desde então não sofro qualquer dano ao me expor a luz de solaris, porém isso custou muito caro a meus pais e muitos de nós. Nosso povo foi submetido ao domínio tirano do Maldito, assassino de quem fugi e estou aqui como sabem.
Fez-se alguns instantes de silêncio, cada qual perdido em seus próprios pensamentos. Passaram-se alguns momentos até que:
- Thoderyn - ouve-se um chamado – Thoderyn, onde estás?
Todos se voltam em direção daquela voz.
- Aqui mamãe, no jardim – Lylli se levanta indo de encontro a sua mãe e as duas retornam juntas até onde estão os outros.
- Seja bem vinda minha amada, sente-se aqui – O mago oferece um assento a sua esposa – Walkímera essa é Danshuane, ela está passando por inúmeras dificuldades e eu a convidei para ficar conosco e ofereci nossa ajuda.
- Oh sim claro, claro. Mas que bela jovem, seja bem vinda entre nós minha cara.
- Obrigada. A senhora também é muito bonita.
- Oh não! – exclama sorrindo – Senhora não, minha pequena, sou tão jovem ainda – e todos riem. Assim permanecem por um bom tempo, falando de coisas amenas.
Logo estavam todos como uma família, Danshuane se sentiu acolhida junto a seus novos amigos, quase conseguia esquecer-se das mágoas que tanto a atordoavam...
- Crianças, meu senhor, creio que está na hora de nos retirarmos.
- Venha Danshuane, quero te mostrar nossa casa – Lylli a pega pela mão não permitindo recusa. As moças vão à frente enquanto o casal vai mais atrás.
- Querido um fato me preocupa – comenta Walkímera com ar de dúvida.
- O que a preocupa minha senhora?
- A jovem vampira, sua estada aqui ano vale, em nossa casa.
- Não a entendo mulher, seja mais clara.
- Thod ela é uma vampira – diz a mulher com ar insistente.
- Oh sim...
- Oh sim, oh sim...pois bem, que serviremos à ela como alimento?
- Não havia pensado nisso – o mago se põe a pensar. Ele e a esposa param de caminhar. A certa altura a bruxa exclama:
- Tenho uma idéia, venha comigo – e arrasta o marido para um caminho oposto ao de suas filhas.

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